Em tratamento contra câncer no Hospital Universitário (Husm), o agricultor Valdomiro Cláudio dos Santos, 53 anos, morador do interior de Santiago, precisava se deslocar diariamente até Santa Maria. Eram oito quilômetros até o local onde passava o transporte, além dos aproximadamente 150 quilômetros que separam as duas cidades. Isso durante sete sessões de tratamento. Nas 28 sessões posteriores, ele começou a utilizar os serviços da Casa Maria.
– Antes de vir para a Casa Maria, eu vinha de manhã, pegava de madrugada o transporte, chegava e fazia minha sessão às 11h20min da manhã e voltava. Chegava em casa em torno de 21h. Às 3h40min, eu tinha que levantar e voltar para ficar o dia todo. Aí a assistente me encaminhou para cá. Eu venho, faço o tratamento, tem almoço, café, janta, tem o pouso, tudo gratuito – conta Santos, que hoje está em etapa de fisioterapia.
O agricultor é um dos cerca de 1,6 mil pacientes com prontuários que demandam os mais diferentes tipos de auxílio na área oncológica da Casa Maria. Ao Diário, o atual gestor da Casa Maria, Thiago Donadel, relata a necessidade de ajuda para a instituição, que se mantém exclusivamente com auxílio da comunidade.
A Casa Maria atende pacientes dos 45 municípios referenciados pelo Husm. Durante a pandemia, esse número chegou a 65, sendo que, em maio deste ano, foram atendidos, em média, 378 pacientes. Os contatos podem ser feitos pela página do Facebook Casa Maria Ong, pelo Instagram ou pelo telefone (55) 3311-7077.
O espaço conta com vagas destinadas a pacientes e acompanhantes. Além disso, são oferecidos café da manhã, almoço, lanche e jantar, além de atendimento psicológico social. Ainda conforme Donadel, a instituição contabiliza uma perda de aproximadamente 200 doadores desde que teve início a investigação que resultou na Operação Casa das Ilusões, em setembro de 2020.
Em abril deste ano, o inquérito da Polícia Civil indiciou 20 pessoas suspeitas de desviar mais de R$ 3 milhões da instituição. Todos foram afastados de suas funções na ONG.
CONTAS
Os atuais gestores da Casa Maria foram definidos pela Justiça e não têm ligação com a investigação dos desvios. Para garantir as atividades da ONG, os administradores prestam contas dos valores arrecadados todos os meses à Justiça.
– A gente faz tudo de forma transparente para que a pessoa tenha acesso e dignidade. São atendimentos nas mais diversas modalidades. A demanda segue a mesma e a redução foi assustadora. O controle é enorme sobre a nossa instituição porque a Vara Criminal exige com toda a clareza a prestação de contas mensal e autoriza os gastos do mês subsequente após a aprovação da prestação de contas do mês anterior – afirma Donadel.